Equador escolhe novo presidente em disputa voto a voto entre direita e esquerda, e em meio a estado de exceção


Equador às Vésperas de um Segundo Turno Decisivo: Um País Entre o Medo e a Esperança

O Equador enfrenta um dos momentos mais tensos de sua história recente com a realização do segundo turno das eleições presidenciais neste domingo, 13 de abril. De um lado está o atual presidente Daniel Noboa, empresário jovem e herdeiro de uma fortuna bananeira, posicionado no espectro centro-direita, e do outro, a advogada Luisa González, de esquerda, aliada do ex-presidente Rafael Correa. Ambos travam uma disputa acirrada em um país polarizado, endividado e dominado pela violência do narcotráfico.

As pesquisas apontam um empate técnico, com mínimas variações nas intenções de voto, refletindo a divisão social e ideológica que assola o país. A empresa Comunicaliza indica ligeira vantagem para Noboa com 50,3% dos votos válidos, enquanto a Telcodata sugere vitória de González com 50,2%, ambas dentro da margem de erro.


Violência e Medidas de Exceção

A campanha acontece sob o espectro da violência exacerbada, com mais de 1.500 homicídios apenas nos dois primeiros meses de 2025, o que consolidou o início de ano mais sangrento da história equatoriana. Como resposta, Noboa decretou estado de exceção em sete províncias, além da capital Quito e do sistema prisional, sob a justificativa de combate ao narcotráfico.

Apesar das medidas, a violência não cessa. O Equador, dolarizado e estrategicamente localizado entre Colômbia e Peru, se transformou em um corredor logístico vital para o tráfico internacional de drogas. A taxa de homicídios, que foi recorde em 2023 com 47 por 100 mil habitantes, caiu para 38 em 2024, mas ainda é considerada a mais alta da América Latina por especialistas como os do grupo Insight Crime.


Dois Projetos Econômicos em Conflito

O segundo turno representa também a escolha entre dois modelos econômicos diametralmente opostos:

  • Noboa aposta em políticas neoliberais, com ênfase em segurança e abertura ao investimento externo.

  • González, por sua vez, defende um Estado mais forte, com ampliação do gasto público e políticas sociais para os mais pobres.

A economia equatoriana, sem o alívio da bonança petroleira, carrega uma dívida pública de aproximadamente 57% do PIB, segundo o FMI. O país sofre com desemprego e subemprego na casa dos 23% e uma pobreza que atinge 28% da população, enquanto grande parte dos recursos é direcionada ao combate ao narcotráfico.


Contexto Político: Entre Correa e Lasso

A eleição também é um referendo indireto sobre o legado de Rafael Correa, cuja aliada González tenta reviver o que seus apoiadores chamam de "década ganha". Correa, exilado na Bélgica, foi condenado à revelia por corrupção e divide opiniões no país. Para muitos, sua influência ainda pesa, positiva ou negativamente.

Já Noboa, que venceu eleições extraordinárias em 2023 após a renúncia de Guillermo Lasso, governa com o apoio das forças armadas e mantém o país sob uma declaração de conflito armado interno. Seu governo é visto como de mão de ferro, com políticas de segurança amplamente midiáticas e criticadas por abusos denunciados por organizações de direitos humanos.


A Escolha de um Futuro Incerto

Ambos os candidatos foram alvos de ameaças, circulam com pesadas escoltas e enfrentam uma população marcada pelo medo, insegurança e desesperança econômica. Mais de 30 políticos foram assassinados desde 2023, incluindo um candidato presidencial.

González tenta se apresentar como uma mulher do povo, enquanto Noboa usa sua imagem jovem e decidida, com colete à prova de balas, para simbolizar sua guerra contra o crime. A eleição será definida voto a voto por 13,7 milhões de eleitores, sob tensão máxima e vigilância internacional.


Resumo com Destaques

  • Segundo turno acirrado entre Daniel Noboa (centro-direita) e Luisa González (esquerda).

  • Empate técnico nas pesquisas, com mínimas diferenças percentuais.

  • Noboa decretou estado de exceção em 7 províncias e no sistema carcerário.

  • Equador vive onda de violência sem precedentes, com 1.500 homicídios em dois meses.

  • País se tornou um corredor estratégico do narcotráfico entre Colômbia e Peru.

  • Noboa defende política neoliberal; González quer Estado mais forte e social.

  • Dívida pública chega a 57% do PIB; pobreza atinge 28% da população.

  • González é aliada de Rafael Correa, condenado por corrupção.

  • Noboa venceu eleição extraordinária após a renúncia de Lasso.

  • Mais de 30 políticos assassinados desde 2023; clima de medo e insegurança.

  • Equatorianos votam sob o peso da violência, crise econômica e polarização política.

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